Introdução
O rock brasileiro nasceu
tão logo Elvis Presley disparou o primeiro dos três acordes de That's Alright
Mama, e as primeiras cenas de "Rock Around The Clock/Balanço das
Horas" - passaram nas telas dos cinemas brasileiros, com a trilha sonora
de Bill Halley & His Comets. Em meados dos anos 50, inicialmente pelas mãos
e vozes de orquestras de baile e cantores populares, como Betinho e Seu
Conjunto, Nora Ney e Cauby Peixoto, o rock and roll tomou conta dos rádios,
televisões e produziu ídolos como Sérgio Murillo, Tony e Celly Campello. Em
seguida, com a entrada em cena da fase instrumental, os novos roqueiros
agregaram à história do rock nacional os sons das guitarras, influenciados por
grupos como os ingleses Shadows e os americanos Ventures, ampliando a cultura
musical da juventude. Depois, nos anos 60, com a chegada dos Beatles, dos
Rolling Stones e Jimi Hendrix, vieram a Jovem Guarda, a Tropicália e o som de
garagem, com seus yê-yê-yês, distorções de guitarras e contestação. A
experiência acumulada desembocou na geração dos anos 70, com o rock made in
Brazil, que aprofundou as misturas sonoras, incorporando o progressivo, a
música rural e outros sons nordestinos. As várias fases do rock brasileiro seguem
explicadas abaixo.
Anos 50
A
história do rock no Brasil é basicamente a mesma dos demais países, exceto
Estados Unidos, onde ele nasceu, e Inglaterra, onde, de certa forma, o skiffle
assimilou a seu jeito e de forma mais rápida a nova linguagem musical. Ao
chegar em terras brasileiras, diante da inexperiência dos jovens frente ao
ritmo novo, aos instrumentos e, mesmo, à falta de espaço social para a
juventude, o rock and roll foi absorvido inicialmente pelas orquestras de jazz,
e pelos cantores tradicionais, responsáveis pelos primeiros hits do novo
gênero. Assim, Nora Ney, uma cantora de boleros e samba canção, gravou o
primeiro rock – Rock Around the Clock (em inglês); Betinho e seu Conjunto é
responsável pelo primeiro rock com guitarra elétrica, o clássico Enrolando o
Rock, onde tocou uma Fender Stratocaster; e, ainda, é do compositor Miguel
Gustavo, com interpretação de Cauby Peixoto, o primeiro rock com letra em
português – Rock and Roll em Copacabana. Mas, de forma especial, foi com a
exibição do filme Balanço das Horas (Rock Around the Clock), com trilha sonora
de Bill Halley & His Comets, que o rock and roll estourou no país,
provocando tamanha confusão nos cinemas, que levou, por exemplo, o governador
de São Paulo, Jânio Quadros, a emitir "Nota Oficial", com o seguinte
conteúdo: "Determine à polícia deter, sumariamente, colocando em carro de
preso, os que promoverem cenas semelhantes. Se forem menores, entregá-los ao
honrado Juíz. Providências drásticas". Também marco histórico do
nascimento do rock nacional é o 78rpm com as músicas Forgive Me/Handsome Boy,
gravado em 1958 pelos irmãos Tony Campello e Celly Campello, vindos do interior
de São Paulo, que abriu definitivamente o caminho do disco, dos programas de
rádio e televisão e shows. Depois, vieram Sérgio Murilo, Demétrius, Baby
Santiago, Wilson Miranda, Ronnie Cord e outros, como Erasmo Carlos (com os
Snakes), Eduardo Araújo, Albert Pavão e Renato e Seus Blue Caps, que fizeram a
história daquela e das futuras gerações. Entre os clássicos da época,
destacaram-se, entre outros, Rock de Morte (Sérgio Murilo), Rock do Saci
(Demétrius), Bata Baby (Wilson Miranda), Estou Louco (Baby Santiago), Vigésimo
Andar (Albert Pavão), Banho de Lua (Celly Campello), Rua Augusta (Ronnie Cord),
Baby Rock (Tony Campello) e Diana (Carlos Gonzaga).
Anos 60
A
década de sessenta abriu com a mistura de rock tradicional, som instrumental,
surf music e outros ritmos como o twist e o hully gully. Com o surgimento dos
Beatles e dos Rolling Stones, o rock brasileiro explodiu definitivamente sob
diversas formas, transformando-se em um dos mais criativos da América Latina. O
movimento Jovem Guarda, liderado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa,
envolveu a maioria da juventude, com programas de televisão, shows ao vivo e
inúmeros discos, entre lps e os lendários compactos. Em 1966, sob o comando de
Roberto Carlos (foto), o I Festival de Conjuntos da Jovem Guarda, promovido
pela TV Record, espalhou a febre do rock pelo país, que tomou conta das
garagens, clubes sociais, televisões regionais, festas de igreja e
aniversários. Além dos três, também destacaram-se os cantores Eduardo Araújo e
Ronnie Von e os grupos Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis e The Fevers,
entre outros. Ao lado da Jovem Guarda, também a Tropicália, eliminando as
fronteiras sonoras e culturais, introduziu a guitarra na tradicional MPB e o
discurso político no rock, produzindo a versão brasileira da psicodelia
mundial. Neste movimento, destcaram-se intérpretes, compositores e arranjadores
como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Rogério Duprat e, de forma
especial, o grupo Mutantes. Ainda, além desses espaços mais visíveis, o som de
garagem também marcou a sua presença no cenário roqueiro nacional, por meio de
inúmeros grupos que deixaram raros lps e compactos para a história, como Som
Beat, Baobás, Beat Boys e Liverpool.
Anos 70
Os anos 70 foram marcados pelas bandas e intérpretes "made in
Brazil", que afirmaram definitivamente a identidade do rock nacional,
compondo e cantando em português e, também, ampliando o domínio da técnica, dos
equipamentos e dos estúdios. Foi a década que também introduziu no país os
grandes shows, tanto em casas de espetáculos, ginásios e, de forma especial, ao
ar livre. Iluminados pelo exemplo dos Mutantes, dezenas de grupos
desdobraram-se em variadas experiências, do rock visceral do Made In Brazil, ao
progressivo Som Nosso de Cada Dia, liderado pelo ex-Incríveis Manito, passando
pela psicodelia barroca d'A Barca do Sol, pelo rock rural do Ruy Maurity Trio ou
pela mistura de progressivo/erudito/música regional do grupo O Terço, entre
outros. Destacaram-se ainda nos anos setenta, os grupos Som Imaginário, O Peso,
Bixo da Seda, Moto Perpétuo, Módulo Mil, Arnaldo (Baptista) & Patrulha do
Espaço; Sá, Rodrix & Guarabira; Secos & Molhados e Veludo, entre
outros. O grande destaque desta década é o surgimento de Raul Seixas que,
depois de liderar o grupo Raulzito e Os Panteras, em meados dos anos sessenta,
e produzir inúmeros artistas para a CBS, entre eles Jerry Adriani,
transformou-se no maior roqueiro do Brasil, com sua colagem universal de Elvis
Presley/John Lennon/Luiz Gonzaga.
Anos 80
Nos
anos 80, o rock brasileiro se firma no mercado. Nomes consagrados da MPB e da
música romântica cedem espaço nas paradas de sucesso a artistas influenciados
pelas novas tendências internacionais. Punk, new wave e reggae ecoam no Brasil.
O grupo Blitz, liderado por Evandro Mesquita, é o primeiro fenômeno espontâneo.
Sua música "Você não soube me amar", de 1982, é sucesso nacional.
Segue-se um surto de novos talentos, como Barão Vermelho, que tem Cazuza,
considerado o maior letrista do rock brasileiro dos anos 80, Kid Abelha &
os Abóboras Selvagens, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Camisa de Vênus.
São eles os novos interlocutores da juventude. Uma fusão de MPB com a música
pop internacional ganha espaço no rádio. Eduardo Duzek, Marina Lima, Lulu
Santos, Lobão e Ritchie são os representantes dessa tendência. O grupo
paulistano RPM, liderado por Paulo Ricardo, chega a vender 2 milhões de discos
entre 1986 e 1988. Ainda de São Paulo emergem Ultraje a Rigor (com a música
Inútil) e Titãs, cujo disco Cabeça dinossauro transforma-se em marco da
musicalidade produzida no período.
Veja uma lista das bandas nacionais que mais se destacaram nos anos 80:
Veja uma lista das bandas nacionais que mais se destacaram nos anos 80:
Blitz,
Barão Vermelho, Camisa de Vênus, Titãs, Ultraje a Rigor, Ira!, Legião Urbana,
Os Paralamas do Sucesso, Engenheiros do Havaí, RPM, Cabine C, Kid Abelha &
os Abóboras Selvagens, Heróis da Resistência, João Penca e os Miquinhos Amestrados,
Capital Inicial, Plebe Rude, Finis Africae, Biquini Cavadão, Lobão e os
Ronaldos, Ritchie, Rádio Táxi, Roupa Nova, Lulu Santos, Leo Jaíme, Kiko
Zambianchi, Os Inocentes, Cólera, Ratos de Porão, Garotos Podres, Olho Seco e
Mercenárias.
Anos 90
Nos
anos 90, aparecem grupos cantando em inglês, que abrem perspectivas de sucesso
internacional. O grupo mineiro Sepultura consagra-se na Europa e nos Estados
Unidos. O grupo paulistano Viper conquista o Japão. A partir de 1993 voltam a
fazer sucesso bandas que cantam em português e incorporam ritmos regionais
nordestinos, como os Raimundos (de Brasília) e Chico Science & Nação Zumbi
e Mundo Livre S/A (do Recife).
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